A Culpa é da semântica

Num bem-humorado artigo, o presidente do Conrerp 6ª Região, Bernardo De Felippe Jr. encontra a culpada para os problemas da profissão de Relações Públicas.

Nesses tempos em que os nossos órgãos de classe discutem a flexibilização da Lei 5377 e a abertura profissional, não podemos deixar de lembrar os caminhos percorridos pela profissão de Relações Públicas desde o advento da lei, lá pelos idos de 1967.
Na realidade, sempre fomos perseguidos e ameaçados pelas outras profissões que procuraram nos usurpar os espaços duramente conquistados pela lei. Ao procurar um culpado, só podemos reputar à tal semântica a culpa dos males que nossa amada profissão tem sofrido.
Senão vejamos: no início os vendedores de livros e representantes de produtos, para dar um toque de glamour e de charme para sua atividade profissional se autodenominavam Relações Públicas. Achavam que com isso conseguiam a aproximação dos clientes para depois começar o processo de venda propriamente dito.
Logo a seguir tivemos a proliferação de belas mulheres, geralmente ex-misses dos mais diferentes concursos, com sorrisos bonitos, olhos penetrantes e corpos esculturais que “enfeitavam” o setor de Relações Públicas de empresas e órgãos do governo. Não que sejamos contra a beleza das mulheres, mas esperamos que tenham cérebro também. Que funcionem!
Para organizar e enquadrar as profissões emergentes como Jornalismo, RP e Publicidade, surgiu então a Comunicação Social. Além do paradoxo, chega quase a ser uma tautologia o fato de comunicação entre duas ou mais pessoas ser chamada de social. Como se toda Comunicação não o fosse!
Na organização, a invasão foi intensiva e generalizada. Como o chefe da Coordenadoria, Assessoria ou Setor de Comunicação “Social” pudesse ser ocupado por qualquer profissional das três áreas, muitos acharam que o Departamento ou Setor de Relações Públicas também o pudesse. E a confusão continuou e a invasão também. Ao arrepio da lei.
Passado algum tempo, com a apresentação do Marketing como a solução para todos os males e problemas, começam as inovações. Entre elas o endomarketing. Uma descoberta! Trabalhar primeiro o público interno para depois atacar o externo! Uma solução que RP já tinha achado há noventa anos! Antes mesmo da Lei! Mais uma vez fomos atacados por um diferencial semântico que queria dizer a mesma coisa! Ou seja, outro paradoxo!
A seguir, com a proliferação das micro e pequena empresas, as organizadoras de festas e donas das listas de convidados mais charmosos, se autodenominaram de promoters. Ocuparam os espaços das Relações Públicas nas casas de espetáculos, companhias de shows e empresas que lidam com público externo. Aí, pela primeira vez, vimos uma corrente em sentido contrário: RPs se intitulando de promoters, como se o errado fosse a nossa profissão.
Agora surgem os gestores. Gestor para isto, gestor para aquilo, inclusive gestor para Relações Públicas. Com a força das universidades e faculdades emergentes que finalmente viram que estavam utilizando o termo MBA (Management Business Administration) de forma errada para todas as áreas, utilizam agora Gestão. Mesmo porque gestão não tem restrição para área de conhecimento como o MBA sugeria!
Juntando tudo isto, chegamos à conclusão que toda nossa batalha sempre foi contra a …semântica! Sempre procuramos nos diferenciar de coisas que significavam a mesma coisa! Uma simples questão semântica!
Será que não está na hora da gente mudar de nome e finalmente encontrar um vocábulo que exprima nossa atividade e não sirva para que outros se utilizem dela? Será que isto não seria a cura dos nossos maiores males?
Para atividades novas, nomes novos. Neologismos. Palavras novas criadas para fins específicos.
Estive pensando em alguns. Publicistas. Ou mesmo Relacionistas, como nos países de língua hispânica. Aguardamos sugestões!


Bernardo De Felippe Jr. é profissional de Relações Públicas, Publicitário, Jornalista e Professor de Português. Atualmente é presidente do Conrerp – 6ª. Região.


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